Os jornalões brasileiros do grupo da velha mídia omitiram nas capas da sua edição de hoje (28) a presença do ex-presidente Pepe Mujica no Rio de Janeiro. A estrondosa passagem do ex-presidente uruguaio, que fez palestra na sede da ABI pela manhã e teve encontro com centenas de estudantes na Uerj no fim da tarde - esta transmitida ao Vivo por Conexão Jornalismo (você pode assistir aqui), -, não repercutiu. E isso sem considerar que no caminho Mujica parou em um boteco na Praça da Bandeira para se deliciar com feijoada, rabada e cerveja. Para os jornalões, temas ligados à conjuntura política em Brasília ganharam a prioridade.
A sintonia entre os impressos não é novidade. Se juntos estão na aferição objetiva da queda nas vendas de exemplares nas bancas e assinaturas, adotam a mesma frequência na prática do denuncismo e da indiferença diante de temas importantes. Prova disso foi a própria presença do líder uruguaio: o mais popular político do continente, capaz de mobilizar a juventude como nenhum outro na atualidade, seria notícia de destaque em qualquer jornal do mundo.
Esta semana outra sintonia fina chamou a atenção. A omissão diante da repercussão nas redes sociais e nos blogs independentes da citação do doleiro Alberto Yousseff de que Aécio Neves teria recebido propina de Furnas (leia aqui). A notícia, igualmente importante, foi tratada de modo a não se destacar no meio do noticiário.
Sobre isso uma colunista de um dos jornalões, com aparições esporádicas na TV, disse em tom de deboche: "não comentei nada porque o assunto se perdeu em meio a uma avalanche de outros casos!" Então tá.
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Curioso é que a omissão diante de temas importantes não é algo que hoje passe despercebido para a maioria dos leitores. O acesso à internet e a blogs independentes antecipa a notícia. Isso obriga os veículos da velha mídia a repetirem o noticiário. Ou deveriam fazê-lo até com mais aprofundamento já que dispõem de pessoal e recursos. Mas a indiferença tem uma explicação: sobrevive no íntimo da maioria dos editores a ilusão de que vive-se ainda os anos passados quando só era notícia o que era estampado nos jornais.
Já naquele tempo sabia-se: pior do que a notícia manipulada ou tendenciosa é a notícia omitida. Esta custa muito caro. Em muitos sentidos - especialmente no que diz respeito a ignorância inoculada.
Agora, nestes tempos de Internet, o leitor/internauta tem a dimensão do que já lhe é roubado no direito à informação. E pode imaginar o prejuízo que experimentou em passado recente.
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